30 de abril de 2012

Fuga: Longa estiagem obriga baianos do interior fugir em busca de trabalho

image Baianos estão abandonando as suas casas por causa da seca
A terra arde tal uma fogueira e o coração miúdo da asa branca aperta. Fica igualzinho ao do sertanejo. Ninguém quer deixar sua vida, seu lugar, sua gente para trás.
Mas, quando a estiagem tira do peito o resto da fé, a única alternativa, tanto para o homem, quanto para o pássaro, é bater asas da caatinga em busca de uma vida melhor. Uma revoada de gente cheia de saudade foge para a terra prometida.
Encarnando o que profetiza a música mais famosa de Luiz Gonzaga, 40 pais de família da comunidade de Gitaí, em Retirolândia, a 193 quilômetros de Salvador, se preparam para uma cruzada de sofrimento.
Os retirantes vão para Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais ou onde tiver uma plantação de pé. No dia 4 de maio, em vez dos antigos paus-de-arara, um ônibus vai levar os que partem sem querer.
O motivo? Em plena região sisaleira, perdeu-se quase tudo. Não existe trabalho algum. Na única rua do povoado, os homens acordam cedo, mas ficam em casa. No máximo, aglomeram-se em pequenos grupos, sentados no calor.
“Sem água, não tem solo. Sem solo, não tem sisal. Sem sisal, não tem renda. Sem renda, não tem o que comer. Aí tem que buscar o sustento fora”, diz Roberto Batista dos Santos, 28 anos, escalado para passar seis meses em Canápolis (MG), trabalhando no corte de cana-de-açúcar.
Roberto está de malas prontas. Sua única filha vai ficar com a mãe em Gitaí.

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