10 de janeiro de 2012

Umburanas concentra mais pobres, afirma governo

“Os piores dias de minha vida são os feriados, os sábados e os domingos, pois, nesses dias não há aulas na escola, e sem aulas, não há merenda, e as crianças nem sempre têm o que comer em nossa casa”.
As palavras do desempregado Rosário Ferreira de Souza, 40 anos, pai de seis filhos, na faixa etária entre 7 e 13 anos, são o retrato da dura realidade em que vivem milhares de pessoas Umburanas, município localizado no noroeste da Bahia, a 450 quilômetros de Salvador, apontado em pesquisa do Ministério do Desenvolvimento Social, em maio do ano passado, como um dos cinco municípios baianos com maior percentual de pessoas em situação de miséria.
Na sequência estão os municípios de Pedro Alexandre, Sento Sé, Novo Triúnfo e Buritirama. Apesar disso, estudo recente do Ipea mostra que a Bahia vem melhorando seus índices socioeconômicos.

A apenas 3 km do centro de Umburanas, numa estrada de barro e toda esburacada, o único transporte que trafega regularmente são carroças puxadas por burros. “Queremos chuva. Só não pode chover muito, pois caso isso aconteça as famílias que moram na redondeza ficam ilhadas”, dizem moradores.

É alarmante a situação de pobreza do local onde mora o casal Rosário Ferreira de Souza, 40, e Maria de Lourdes Bruno dos Santos 35 anos – pais de Jéssica, 5, Erick, 7, Andréia, 8, Vanessa 10, Edilson 13 e Adriana 16 anos. Em Barriguda do Doutor, uma das 46 localidades do município, falta água, saneamento básico, casas em condições habitáveis, emprego, saúde. “Trabalho na roça e ganho R$ 15, R$ 20, por dia trabalhado, quando acho o que fazer. Minha mulher recebe o Bolsa Família, ela ganha R$ 230, que nem da para comer direito. A gente compra fiado nas vendas.

Aqui é tudo caro e quando ela recebe esse dinheiro, só da para pagar o que  se deve”, lamenta Rosário.

No quintal da casa da família, há uma enorme cisterna – construída por meio de convênio com a Codevasf – Programa Água para Todos – mas, água em ambudância, só quando chove. As paredes da modesta moradia estão caindo e no telhado há enormes buracos. O chão é de barro e as portas, velhas, não dão segurança. O único mobiliário que a família possui são dois pequenos sofás deteriorados.

A cama é um monte de panos e roupas jogadas ao chão de um pequeno cômodo, onde todos dormem amontoados. No local, que aparentemente é uma cozinha, existe um fogão a lenha, onde, numa pequena panela, dona Maria de Lourdes, 35 anos, cozinhava alguns caroços de feijão, sem qualquer tempero ou carne. Só água e sal.

Mesmo com toda a miséria, a fé faz parte da vida da família. Ao lado da imagem de Nossa Senhora Aparecida, um cartaz na parede exibe as imagens do ex-presidente Lula ao lado do governador Jaques Wagner (PT) e da presidente Dilma Rousseff (PT).

Na barriguda de Brasília, a 9 km da sede de Umburanas, o quadro não é melhor. Diana Bruno de Carvalho, casada com Manoel Alves Batista, caminha com cinco crianças descalças: “Meus filhos não estudam e meu marido trabalha quando acha algo na roça. Quando as coisas apertam, vou à casa de amigos na sede em busca de ajuda.”

Prefeito contesta pesquisa e diz que situação está melhor

O prefeito Raimundo Nonato da Silva (ex-peemedebista, atualmente sem partido) discorda dos dados da pesquisa do Ministério do Desenvolvimento Social. “Eu consegui inscrever no Bolsa Família 5 mil famílias, sendo que 2.790 estão recebendo o benefício, e as outras 2.210, estão na fila de espera. Acredito que eles tenha se baseado nesses números, mas, na realidade o município está numa crescente e vem gerando muitos empregos. Essa pesquisa não condiz com a nossa realidade”, afirma o gestor.

Ele afirma que em suas gestão, a arrecadação subiu de R$ 1,2 milhão para 2 milhões. “A natureza está sendo a nossa grande aliada, pois o vento forte que ocorre na cidade, vem atraindo investidores para exploração desse fator, com a implantação de usinas de energia natural, no futuro seremos uma grande potência da região”. (redação: Luiz Tito, Jornal A Tarde; foto: Arnaldo Silva; fonte: Arnaldo Silva Radialista)

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